Rivais comemoram empate.

Paysandu e Remo deixaram o gramado do Mangueirão ontem à noite, comemorando o empate em 1 a 1. No Re-Pa da queda de braço entre Governo do Estado e Ministério Público, o Papão fez festa porque o time mostrou, finalmente, uma evolução em relação ao que começou o Campeonato Paraense de forma titubeante.

O Leão, porque a equipe não teve uma grande atuação e soube segurar o adversário com um homem a menos por todo o segundo tempo. Os azulinos se mantiveram na liderança da competição, com dez pontos. Os bicolores vêm logo em seguida, com oito. O jogo foi como se esperava. Nervoso em alguns momentos, com poucas chances de gols e com tentos decididos em pequenos detalhes.

Quem mais mostrou força foi a torcida. Não houve a presença que tradicionalmente se vê nos Re-Pas, mas 26 mil torcedores - oficialmente - estiveram no estádio e mostraram que são eles a principal força do futebol paraense. Sábado de manhã, quando as negociações para a liberação do estádio estavam a todo vapor, bicolores e azulinos se amontoavam nas bilheterias de Curuzu e Baenão para comprar ingressos, mesmo sem a certeza de que haveria o clássico. Não fosse toda a confusão que envolveu a partida e o fato de que o Mangueirão não pôde ser liberado em sua totalidade, era provável que houvesse recorde de público em Belém. Com a bola rolando, o que se viu foi algo que só um clássico pode explicar.

Sem convencer até então, o Paysandu mostrou-se bem mais organizado. O Remo, que vinha sobrando na competição, talvez tenha se surpreendido com a postura do rival e demorou a se achar em. O Papão tinha maior posse de bola e marcava os dois melhores jogadores do Leão, os meias Vélber e Gian, mas nenhuma das equipes conseguia criar boas jogadas de ataque. Foi aí que veio o lance capital do primeiro tempo.

O volante Ramon, do Remo, recebeu o segundo cartão amarelo, foi expulso e, coincidência ou não, desencadeou os cinco melhores minutos da partida. Em seu lugar entrou Marlon que, no primeiro lance, perdeu a bola no meio-de-campo e propiciou o ataque bicolor. O centroavante Luciano Dias recebeu na direita e cruzou para o atacante Moisés antecipar-se à zaga para abrir o placar. No minuto seguinte, aos 46', o Remo deu a saída de bola e Gian e Vélber mostraram que bons jogadores, mesmo em dias não tão felizes, são decisivos. Gian recebeu no meio, defendeu-se da marcação e lançou Vélber na esquerda. O "Risadinha" invadiu a área e tocou por cobertura na saída de Alexandre Fávaro para marcar um golaço. Gol que contou com a providencial ajuda dos jogadores alviazuis, ainda mais preocupados em comemorar a abertura do placar.O preparador de goleiros do Remo, Afonso Ribeiro, desmaiou em pleno gramado no momento do gol.

Em mais uma saída de bola, quase que o Paysandu dá o troco. O meia Sandro cruzou na área e Moisés subiu mais que a defesa para cabecear. A bola passou pelo goleiro Adriano e bateu no travessão. Luciano Dias pegou o rebote e desperdiçou uma chance incrível, desmarcado e com o gol escancarado, quando cabeceou mais uma vez no travessão.

Na volta do intervalo, os dois técnicos definiram muito bem o que viria a seguir. "Com um a menos, temos que ficar mais atrás e abdicar um pouco do ataque. Vamos procurar o gol nos contra-ataques", disse o azulino Sinomar Naves. "Vou adiantar a marcação, colar os dois atacantes nos zagueiros deles e o time vai tocar mais a bola em busca dos gols", explicou o bicolor Luís Carlos Barbieri. Fora a parte do gol, tudo o que disseram aconteceu.

O Papão foi sempre o senhor das ações e o Leão buscou os contra-ataques, mas um evidente desgaste de ambos os lados fez com que os cruzamentos para a área e os erros de passes fossem constantes. As duas equipes criaram apenas uma chance boa para cada lado. Aos seis minutos, o meia Zeziel chutou na zaga e a bola sobrou para a virada do zagueiro Victor Hugo, que Adriano defendeu de forma milagrosa.

Aos 41', o atacante Heliton recebeu desmarcado dentro da área, mas isolou. Poucos torcedores do Remo poderiam prever que o técnico Sinomar Naves, ao final do jogo, comemorasse o empate. Tido como favorito para sair com a vitória no Re-Pa, o Leão foi pego de surpresa pelas circunstâncias do jogo e viu esse favoritismo cair por terra quando Ramon foi expulso, fato que obrigou o time a recuar e fazer dos contra-ataques a arma principal. O técnico, que viu uma equipe segura em campo mesmo com a inferioridade numérica, valorizou a atuação. "Ganhamos um ponto", sintetizou.

Um empate contra o maior rival já não é passível de reclamação, ainda mais pelo modo como o Remo se comportou. Sinomar assumiu que previa melhor sorte para sua equipe, principalmente pelo que foi demonstrado no início do jogo, quando o Remo conseguiu utilizar suas maiores armas: a velocidade e objetividade nas tabelas. Para ele, o jogo começou a ganhar outra cara no momento em que o estreante Índio sentiu o corte na cabeça e pediu para deixar o gramado. "Começamos muito bem, explorando o que temos de melhor, que são as ações ofensivas com Heliton, Marciano, Vélber e Gian. Com dez minutos, o Remo já tinha criado boas oportunidades, mas as mexidas no time quebraram isso e as coisas dificultaram quando ficamos com um a menos", disse o técnico, que elogiou a mudança de postura imediata dos jogadores. "Viemos para o segundo tempo e soubemos segurar a equipe do Paysandu, contendo o ímpeto deles e amarrando um pouco o jogo. Não fomos extraordinários, mas fizemos uma boa partida", disse Sinomar.

fonte: O Liberal

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